quinta-feira, 26 de junho de 2014

PM faz poema como forma de desabafo

Com o aumento da criminalidade está cada vez mais difícil ser um policial no Brasil. Escassas condições de trabalho, péssima remuneração... e por aí vão as mazelas que os policiais enfrentam a cada dia de trabalho. E cansado de se deparar com este cenário diariamente, um policial militar, de Itabira (terra natal do maior poeta brasileiro, Carlos Drummond de Andrade), decidiu desabafar por meio de um poema.

Célio Pedro Lourenço ou Cabo Lourenço, como é conhecido dentro da 57ª Companhia de Polícia Militar, em Santa Bárbara, área subordinada ao 26º Batalhão de Itabira, virou notícia com o poema “Arame Farpado”, no qual demonstra toda sua insatisfação:

Arame farpado

Sou um policial de muitas lutas
Porém sem nenhuma vitória
Mas como todo PM
Tenho também minha história

Saio de manhã cedo
Na madrugada ainda escura
Para combater o crime
Doença que não tem cura

Saio de colete
Sem medo algum
Pra defender a sociedade
Dos crimes mais comuns

Se combatemos bem o crime
As pessoas na gente acredita
Mas quando prendemos o bandido
A família dele se irrita

Pra se formar em bandido
Não precisa ter nem o primário
Mas se não estudar
Não será um bom operário

Se o seu filho não estuda
Pro trafico é interessante
Trabalha a troco da droga
Esse pobre ignorante

Seu salário é duas pedras de crack
Seu prazer é ser noiado
Vivendo no mundo da lua
Cada dia mais viciado

Eu podia dizer muitas coisas
Mas algumas não posso dizer
A verdade é que os crimes
Estamos cansados de combater

Eu lembro eu era criança
Quando na rua a gente brincava
Às 20 horas da noite
Pra casa minha mãe chamava

Se eu não passasse pra casa
Meu padrasto me batia
Hoje os filhos não mais apanham
Mas se drogam noite e dia

Hoje na minha profissão
É um constante enxugar gelo
Prendo o bandido de manhã
Pra a tarde voltar a detê-lo

Não queremos pena de morte
Pois isso só compete a Deus
Mas queremos ver o criminoso
Pagando pelo crime que cometeu

A gente prende o pila
A lei manda soltar
É mansa a vida na cela
Por isso ele volta a roubar

O único crime que dá cadeia hoje
É Maria da Penha e pensão
Por isso é lucrativa
A vida de um ladrão

A culpa não é do juiz
Do delegado nem do promotor
A culpa é desses políticos
Em quem a gente votou

Se eles não apertam as leis
É por que também são bandidos
Tem medo de serem preso
Por isso o Brasil tá perdido

Vale a pena refletir sobre os versos do Cabo Lourenço. E outubro está aí. Dá pra começar a pensar e agir diferente.

(Fonte: DeFato Online)


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