Com o aumento da criminalidade
está cada vez mais difícil ser um policial no Brasil. Escassas condições de
trabalho, péssima remuneração... e por aí vão as mazelas que os policiais
enfrentam a cada dia de trabalho. E cansado de se deparar com este cenário
diariamente, um policial militar, de Itabira (terra natal do maior poeta
brasileiro, Carlos Drummond de Andrade), decidiu desabafar por meio de um
poema.
Célio Pedro Lourenço ou Cabo
Lourenço, como é conhecido dentro da 57ª Companhia de Polícia Militar, em Santa
Bárbara, área subordinada ao 26º Batalhão de Itabira, virou notícia com o poema
“Arame Farpado”, no qual demonstra toda sua insatisfação:
Arame farpado
Sou um policial de muitas lutas
Porém sem nenhuma vitória
Mas como todo PM
Tenho também minha história
Saio de
manhã cedo
Na madrugada
ainda escura
Para
combater o crime
Doença que
não tem cura
Saio de
colete
Sem medo
algum
Pra defender
a sociedade
Dos crimes
mais comuns
Se
combatemos bem o crime
As pessoas
na gente acredita
Mas quando
prendemos o bandido
A família
dele se irrita
Pra se
formar em bandido
Não precisa
ter nem o primário
Mas se não
estudar
Não será um
bom operário
Se o seu filho não estuda
Pro trafico é interessante
Trabalha a troco da droga
Esse pobre ignorante
Seu salário
é duas pedras de crack
Seu prazer é
ser noiado
Vivendo no
mundo da lua
Cada dia
mais viciado
Eu podia
dizer muitas coisas
Mas algumas
não posso dizer
A verdade é
que os crimes
Estamos
cansados de combater
Eu lembro eu
era criança
Quando na
rua a gente brincava
Às 20 horas
da noite
Pra casa
minha mãe chamava
Se eu não
passasse pra casa
Meu padrasto
me batia
Hoje os
filhos não mais apanham
Mas se
drogam noite e dia
Hoje na
minha profissão
É um
constante enxugar gelo
Prendo o
bandido de manhã
Pra a tarde
voltar a detê-lo
Não queremos
pena de morte
Pois isso só
compete a Deus
Mas queremos
ver o criminoso
Pagando pelo
crime que cometeu
A gente
prende o pila
A lei manda
soltar
É mansa a
vida na cela
Por isso ele
volta a roubar
O único
crime que dá cadeia hoje
É Maria da Penha
e pensão
Por isso é
lucrativa
A vida de um
ladrão
A culpa não
é do juiz
Do delegado
nem do promotor
A culpa é
desses políticos
Em quem a
gente votou
Se eles não
apertam as leis
É por que
também são bandidos
Tem medo de
serem preso
Por isso o Brasil
tá perdido
Vale a pena
refletir sobre os versos do Cabo Lourenço. E outubro está aí. Dá pra começar a
pensar e agir diferente.
(Fonte: DeFato Online)
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