O intenso uso das redes sociais
para expressar apoio político nestas eleições e o acirramento das tensões
devido à proximidade do segundo turno, marcado para o próximo domingo (26), têm
afetado amizades e relações familiares. Uma usuária do Twitter resumiu a
situação em um post que lhe rendeu mais de 17 mil curtidas: “Gente, quem perdeu
família ou amigos por causa dessa eleição vamos combinar de passar o Natal
juntos”.
Pesquisa Datafolha divulgada na
última quarta-feira (22) mostrou aumento no índice de pessoas que disseram ter
interesse nas eleições. Dos 4.355 entrevistados, 50% responderam que têm
interesse no pleito. No fim de agosto, essa porcentagem era 39%. Esse
crescimento também influencia no aumento da circulação de vídeos, textos e até
mesmo ofensas nas redes sociais.
Para o sociólogo e pesquisador da
Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, a proporção a que chegaram as
discussão nas redes sociais nestas eleições é algo inédito. “No grau que assume
é realmente uma coisa que aparentemente é inedita e tem correlação imediata com
a disputa [eleitoral], uma disputa muito acirrada.”
Ele explica que as redes
apresentam um grau de politização muito mais avançado diante de outros meios de
comunicação, como a televisão ou o rádio. “Permitem não só a expressão de
vários assuntos que vão além da política, como a política é tratada muito
intensamente, discutida numa base diária. Isso é muito relevante para a
democracia”, destaca.
O mestre em direito pela UnB e
ciberativista Paulo Rená também considera a discussão nas redes positiva, mas
alerta para o discurso de ódio e para os crimes cometidos pelos usuários que,
muitas vezes, saem ilesos a comentários racistas ou de preconceito regional.
“Acho importante que as pessoas
entendam que não é porque estão na internet que o discurso de ódio está
liberado. E isso não é nenhuma restrição à liberdade de expressão”, diz.
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