quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Eleições fomentam guerra entre internautas

O intenso uso das redes sociais para expressar apoio político nestas eleições e o acirramento das tensões devido à proximidade do segundo turno, marcado para o próximo domingo (26), têm afetado amizades e relações familiares. Uma usuária do Twitter resumiu a situação em um post que lhe rendeu mais de 17 mil curtidas: “Gente, quem perdeu família ou amigos por causa dessa eleição vamos combinar de passar o Natal juntos”.

Pesquisa Datafolha divulgada na última quarta-feira (22) mostrou aumento no índice de pessoas que disseram ter interesse nas eleições. Dos 4.355 entrevistados, 50% responderam que têm interesse no pleito. No fim de agosto, essa porcentagem era 39%. Esse crescimento também influencia no aumento da circulação de vídeos, textos e até mesmo ofensas nas redes sociais.

Para o sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, a proporção a que chegaram as discussão nas redes sociais nestas eleições é algo inédito. “No grau que assume é realmente uma coisa que aparentemente é inedita e tem correlação imediata com a disputa [eleitoral], uma disputa muito acirrada.”

Ele explica que as redes apresentam um grau de politização muito mais avançado diante de outros meios de comunicação, como a televisão ou o rádio. “Permitem não só a expressão de vários assuntos que vão além da política, como a política é tratada muito intensamente, discutida numa base diária. Isso é muito relevante para a democracia”, destaca.

O mestre em direito pela UnB e ciberativista Paulo Rená também considera a discussão nas redes positiva, mas alerta para o discurso de ódio e para os crimes cometidos pelos usuários que, muitas vezes, saem ilesos a comentários racistas ou de preconceito regional.


“Acho importante que as pessoas entendam que não é porque estão na internet que o discurso de ódio está liberado. E isso não é nenhuma restrição à liberdade de expressão”, diz. 

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